quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Nosso Parto

No sábado (dia 2) às 9h da manhã fomos ao hospital a uma consulta para fazer uma nova avaliação da gravidez: novamente CTG, Eco e toque. Saímos com a ideia de que estava muito demorado, a Maria não estava encaixada, tinha subido, o colo do útero ainda estava duro, ..., e na 5ª feira seguinte voltaríamos para uma nova avaliação e que se não nascesse entretanto dia 11 seria induzido. Confesso que sai desiludida e a pensar que teria de aguentar mais uma semana. Como me sentia muito bem cumprimos com a nossa rotina, fomos à florista, ao cemitério, ver o mar, almoçar com os meus pais. E como depois do almoço estava com as pernas cansadas e tínhamos dormido pouco na noite anterior viemos para casa dormir a tarde. Acordei comi e voltei para a cama.
Por volta das 18h comecei a sentir umas dores leves mas que pensei que passavam, e às 19h tive a minha 1ª contracção forte que durou uns longos e dolorosos 3 min. Fui acordar o maridão e dizer-lhe "se isto continua assim vamos ainda hoje para o Hospital". Decidi também começar a ver o espaço entre cada uma e a duração mas à 3ª perdi-lhes a conta que ainda não tinha acabado uma e já estava com outra. Fui para a banheira tentar tomar banho e o marido foi fazer o jantar para nós dois. Escusado será dizer que ele passou o tempo a correr entre a banheira e o fogão e foi ele que me lavou. Eu vesti-me mas nesta altura já me sentia muito tonta e cheia de frio mas a tensão estava boa e não tinha febre. Já não me consegui sentar à mesa e o marido jantou à pressa para irmos para o Hospital. No caminho ainda teve de parar no meio da estrada pois as minhas contracções e os buracos da estrada não eram compatíveis. Ainda dei dois golos de um iogurte que me deixou super mal disposta. Dei entrada às 20h48, levaram-me para o bloco de partos e na sala de check-up estava com 3 dedos e a perder sangue. A enfermeira nem me fez o questionário e mandou-me logo para uma sala de partos já eu pedia epidural e não via nada. Nessa altura rebentaram-me as àguas mas com tudo nem me apercebi. Nova avaliação as 21h30 e já estava com 4 dedos. Só sei que de repente tinha um mar de gente à minha volta, não via nada de tão tonta que estava, tremia que nem varas verdes e parecia estar numa arca frigorifica. Não tive muito tempo para pensar mas estava aterrada com a sensação de que ia apagar. Depois de muito mexerem e de uma eco que nunca mais acabava chegou-se à conclusão que todo aquele sangue que eu perdia a cada contracção se devia à velocidade com que estava a fazer a dilatação. Só me apercebi que algo de grave se passava quando vi que estavam dois médicos comigo e não um como eu pensava. Ainda não eram 22h e já eu contava com 6 dedos e implorava pelo anestesista. Santa epidural que em boa hora chegou. E santo do meu marido que me ajudou. Nesta altura sentia-me tão fraca que foi o marido que me segurou sentada ou eu caia para a frente. Do pouco que vi lembro-me da tensão a subir e já estar nos 15/10 e eu pensar que só queria que aquilo passa-se. O marido diz que estava amarela e só me pedia para abrir os olhos e olhar para ele e nem isso eu conseguia. Assim que o anestesista me deu a epidural tudo melhorou. Deixei de sentir as dores, as contracções tornaram-se mais espaçadas a tensão voltou ao normal e a minha menina também acalmou um pouco, se bem que ela nunca esteve em stress. Para terem uma ideia ainda falei ao telefono com a minha mãe e mandei mensagens. Depois em conversa com a enfermeira fiquei a saber que tinha mesmo de ser com epidural ou a bébé ia sofrer muito e o meu corpo também. Às 22h30 já estava com 7 dedos. Depois e até perto da 1h foi muito bom, na conversa com o marido e com a enfermeira mas quando o efeito da epidural estava já a passar e chamei a enfermeira já estava com a dilatação completa. Pude então começar a fazer força enquanto a enfermeira preparou tudo. Com a equipa no quarto (enfermeira parteira, enfermeira e auxiliar) pus-me em posição para fazer nascer a Maria e a partir daqui senti tudo, a menina a descer, a enfermeira a alargar o canal enfim... Sei que algumas forças depois (+/- 15 min) nascia a minha super Maria com a mão à frente da cara. Era 1h40 que eu vi no relógio. Não fiz epistomia mas o rasgão foi tal que a enfermeira não quis dizer quantos pontos foram. Mas o melhor de tudo foi tê-la sentada sobre o meu ventre (não a conseguia trazer mais para cima porque o cordão era muito curto) mas foi simplesmente fantástico e nunca mais me esqueço das palavras do papá quando a viu "Oh amor é um ratinho tão lindo" e é. Logo de seguida senti uma ultima contracção leve da expulsão da placenta. Depois do papá cortar o cordão veio ao meu colinho e aninhou-se logo com o seu choro lindo. Depois vieram os pontos e ai desejei que a enfermeira levasse a bébé pois a cada ponto eu contraia-me e a bébé sentia. No fim veio uma noite de recordar para sempre.
Ainda no recobro e ao fim de quase 1 hora a tentar lá conseguimos por a Maria a mamar, mas tivemos de imterromper a mamada pois a enfermeira teve de me preparar para ser transferida para a obstetrícia e eu tinha de comer. Mas até isto foi delicioso pois o papá ficou com a bebé todo o tempo. Perto das 4h fomos transferidas para a cama 6 da obtetricia e tentaram fazer o 1º levante mas assim que me pus de pé fiquei tão tonta que me sentei de seguida. Pasado um bocado vieram buscar a bebé para lhe darem suplemento que a pobre estava cheia de fome e quando a trouxeram de volta tentaram novo levante mas desta vez assim que me sentei comecei a ver tudo a andar à roda. Afinal de contas estava sem comer bem havia muitas horas e tinha perdido mesmo muito sangue. A enfermeira deixou a Maria deitada comigo e a malandra esteve muito tempo de olhos abertos a olhar para mim, algo que nunca esquecerei. Só perto das 10h, e já com o pai no quarto, é que me consegui levantar mas apenas para ir a casa de banho e tomar o pequeno almoço. Depois tive de voltar para a cama que as dores eram muitas e a fraqueza também. Tive muita pena que não consegui ver o 1º banho da minha filha, mas estive a ouvir todas as indicações da enfermeira. Esse dia foi muito bom, apesar de contar apenas com 1h de sono. Depois veio o martírio da maminha. A Maria não conseguia pegar na maminha, a cada turno calhava-nos uma nova enfermeira com maneiras e conceitos muito distintos que só serviam para me deixar mais baralhada e ansiosa e a ver a menina sem comer em condições e a ficar cada vez mais sonolenta, chegando ao ponto de a despirmos completamente, mexermos e remexermos e ela não acordar para absolutamente nada. Ao 3º dia (supostamente dia da alta) reparei que ela estava mais magra pois a pulseirinha do pé caia só dela se mexer o que nunca tinha acontecido mas nem assim previ o que ia acontecer. Antes do marido chegar levei 2h a tentar alimentar a bebé mas a cada 3 sugadas mal feitas tinha uns desesperantes 10 minutos para a acordar e repetir todo o processo e aqui sim senti-me completamente desesperada. Depois veio a pediatra e não a achou muito bem. Saiu e veio a enfermeira com a balança para a pesar e eu que no dia anterior tinha perguntado se pesavam os bebés antes da alta e me tinham dito que não, fiquei com a pulga. Resumindo a Maria tinha perdido um pouco mais de 10% do peso em apenas 2 dias e ou ficávamos mais um dia no hospital ou teríamos de regressar no dia seguinte. Nem pensei 2 vezes… Ficamos mais um dia mas posso-vos dizer que foi a noite mais traumatizante que lá tive. A certa altura e mesmo antes de voltar para o trauma da maminha a enfermeira que estava comigo disse-me que ou a bebé mamava sozinha ou não tinha alta. Se eu já estava nervosa, ainda fiquei mais. Essa mamada foi horrorosa, eu com os nervos à flor da pele, a menina que não conseguia fazer a pega, os mamilos todos gretados e doridos… Pior não podia ter sido e eu já chorava com os nervos. A sorte foi que como já tinha bastante leite tirei para um copinho que ela bebeu lindamente. A minha pequena estava esfomeada e eu tinha bastante leite… Ao 4º dia uma enfermeira lá se lembrou de ir buscar um bico de silicone, que eu já lhes tinha dito que tinha mas que sempre me desencorajaram a usar, e ai foi à primeira. Nunca mais lhe dei maminha sem os bicos e ela mama que é uma maravilha. De um dia para o outro ganhou 110gr e pudemos vir para casa. Finalmente em casa a emoção era tal que eu não conseguia parar de chorar, ao fim de quase 2 anos conseguimos a nossa tão desejada família. Posso dizer que sou uma mulher abençoada.

39ª Semana

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